A CASA DE MÁRIO ALEX ROSA
- jornalbanquete
- 7 de abr.
- 2 min de leitura
Por Hélder Pinheiro

Hélder Pinheiro
"O poeta consagra sempre uma experiência histórica, que pode ser pessoal, social ou ambas as coisas ao mesmo tempo. Mas, ao falar de todos esses sucessos, sentimentos, experiências e pessoas, o poeta nos fala de outra coisa: do que está fazendo, do que está sendo diante de nós e em nós. Mais ainda: leva-nos a repetir, a recriar seu poema, a nomear aquilo que ele nomeia; e ao fazê-lo, revela-nos o que somos." (Octavio Paz)
Outro dia, enquanto relia inúmeros poemas de Cecília Meireles me preparando para um encontro com um grupo de pesquisa, deparei-me com poemas de guerra e me veio imediatamente uma pergunta: como será que poetas e poetisas estão retratando (queria outra palavra, mas não veio) o momento atual? Que ritmos, que imagens, que espaços, que tensões e medos estão sendo consagrados, para usar a expressão de Octavio Paz?
Foi nesse contexto de interrogação que me chegou à mão o livro de poemas CASA, do poeta mineiro Mário Alex Rosa. O livro foi construído e concebido no decorrer deste ano de pandemia. Li e reli, pensei, devaneei, me surpreendi, me identifiquei com muitas situações poetizadas.
O livro – a Casa - é divido em Sala, Cozinha, Área de Serviço, Quarto e Banheiro. Versos curtos, estrofes de três versos num perfeito estilo epigramático. Ficamos com vontade de comentar, de discutir, de analisar... (E nem falei do lindo projeto gráfico e das delicadas ilustrações...). Mas quero só dar a notícia e deixar o leitor com alguns versos e, quem sabe, o desejo de adentrar a Casa do poeta.
Vejamos:
aprender da casa
que o silêncio tem asa
e voa
*
mesa posta
caderno sozinho
ouve pingo no filtro
*
no espelho
a solidão
é de dois
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