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Maestro sem orquestra

Por Ademir Demarchi

 


Maestro sem orquestra. Marcio Renato dos Santos. Curitiba: Máquina de Escrever, 2024.

 

 Esse é o décimo-primeiro livro de contos publicados por Marcio Renato dos Santos, que vem experimentando a cada edição as variações possíveis nesse gênero. Pode-se dizer que Maestro sem orquestra é o mais experimental e depurado dos onze que publicou, pois, abandonando os facilitarismos de escritas que concorrem com a crônica ou afastando-se de um estilo algo padronizado, o autor se vale de cortes narrativos, jogos metaliterários (cujo primeiro conto, “Outro simulacro”, é o melhor exemplo disso), interrupções abruptas etc. e mantém um senso de humor já característico em suas ficções que agora ganha algo de ácido, como no conto “Semi-heroi”, cujo personagem arma uma trama contra terceiros e acaba objeto dela num final narrativo inesperado e de escrita impactante, como em vários dos textos, que se encerram quando pareciam que iriam mais longe para surpresa de quem lê.  


Marcio Renato dos Santos escreve e publica seus contos em Curitiba, tendo sobre si a sombra incontornável de Dalton Trevisan, que atinge especialmente todos os escritores curitibanos, dada a forte presença do Vampiro no imaginário criativo local, tal como Borges se põe sobre os portenhos. Não que pareça incomodar, não que ele impeça, mas é sempre um modelo desafiador para quem ouse nesse gênero, assim como são também notáveis as obras de Jamil Snege, Valêncio Xavier, Paulo Leminski, Manoel Carlos Karam, entre outros, que se põem a falar aos novos escritores. Assim, já é notável o sangue do Vampiro se infiltrando nessa escrita que vem se fazendo e caminhando para uma economia vocabular notável. No entanto a temática, assim como a abordagem, tem demonstrado a busca de um caminho que possa ser inovador para o autor que, prolífico, assim parece prometer. 

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